Cova da Moura - 2013

Requalificação do Bairro 2006-2013

COMO NASCEU O BAIRRO

O bairro do Alto da Cova da Moura, pode dizer-se que nasceu por obra do 25 de Abril de 1974. Apesar de, na década de 60, terem surgido os primeiros moradores, é na década de 70 que o fluxo se torna bastante significativo com a chegada de retornados provenientes sobretudo das ex-colónias (Cabo Verde, Moçambique, Angola etc.), esperando aqui, reconstruir aquilo que haviam perdido com a independência dos países onde durante anos tinham organizado as suas vidas com sacrifício.

O nome de Alto da Cova da Moura, veio da ligação entre morro, elevação (Alto), o buraco feito na pedreira (Cova) e Moura que adveio da família dos Mouros que habitavam e ainda hoje habitam alguns dos seus descendentes, junto à pedreira.

O QUE É HOJE O BAIRRO DO ALTO DA COVA DA MOURA

O bairro do alto da Cova da Moura é um bairro de construção clandestina, situado no Concelho da Amadora, nos arredores de Lisboa, no qual vive uma comunidade que se estima em 6000 habitantes, na sua maioria de origem africana (Cabo Verde, Guiné Bissau, Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique etc. …) e muitos Portugueses vindos de vários pontos do pais, a procura de emprego.

A geografia física actual do bairro apresenta uma morfologia em figura de coração, existindo, no interior, várias artérias largas que permitem uma circulação aceitável por todo o bairro, e que coexistem com zonas estreitas ramificadas.

As habitações foram construídas, fruto das economias e sacrifícios de muitos anos, e têm vindo a ser melhoradas pelos seus proprietários, que acalentam o sonho de possuírem, um dia, uma casa legalmente sua, deixando assim o espectro das medidas simplistas da demolição e realojamento.
As habitações não têm o aspecto das chamadas barracas de madeira, mas sim de habitações razoavelmente construídas, que possuem, na sua maior parte dos casos, os requisitos de conforto suficientes à qualidade de vida dos seus moradores.

As infra-estruturas de arruamentos, saneamento básico, electricidade, telefones, agua etc.., têm sido uma luta constante da população, solicitando constantemente apoio a Câmara para que estas cheguem a todo o bairro. Sim, porque apesar do bairro. já estar dotado destas infra-estruturas, ainda é possível ver ruas por asfaltar, com falta de iluminação etc.

O espaço funcional, é caracterizado num sistema orgânico, com um elevado número de espaços comerciais, nomeadamente restauração, serviços de exportação, cabeleireiros, serralharias, oficinas etc.

A Identidade cultural está ligada às raízes das suas origens, ou seja, dos territórios de onde partiram, e traduz-se em rituais, linguagem e no convívio.

O associativismo existente assume uma importância fulcral, com varias associações de cariz social, cultural, desportivo e económico, que fortalecem os laços de união, afectividade e solidariedade, a que, por vezes não se assiste noutras comunidades.

A imagem do bairro perante a sociedade em geral é vista de forma negativa, favorecendo generalizações e superficialidades relativamente aos seus habitantes, sendo comum a divulgação de exageros e maus exemplos, que não deixam de proliferar um pouco por todo o país.

Em conclusão o bairro do Alto da Cova da Moura é uma comunidade muito rica de vivências e que luta pela sua inserção no espaço urbano da cidade de Amadora, um direito de cidadania que há muito lhe devia ter sido reconhecido.